Em 2008 o Governo criou uma base de dados de ADN para tentar diminuir os crimes que ficam por resolver. Desde essa data, montou-se uma equipa com 30 pessoas, fizeram-se acções de formação e adquiriram-se equipamentos de centenas de milhares de euros. O que impressiona é que, apesar deste enorme esforço do Estado, a base de dados conta hoje apenas com dez registos. E o que indigna é a displicência do seu director, que, instado a comentar estes números, proclama que os responsáveis pelo projecto não “têm de dar provas a ninguém”.
Talvez o fraquíssimo desempenho (chegaram a ser anunciados seis mil registos por ano) tenha explicações mais do que razoáveis; talvez a acção do actual director nada tenha a ver com o parco número de registos. Seja como for, o que importa numa administração pública democrática e transparente é a obrigação de “dar provas” aos cidadãos sobre os seus actos e os seus resultados. Gastar recursos escassos num projecto que não está a justificar tanta prioridade e tanto investimento é não só um erro, como, principalmente nos tempos que correm, uma imoralidade. Exige-se por isso ao director da base de dados e à tutela que expliquem ao país o que se está, de facto, a passar.
Fonte: Público